quarta-feira, 4 de junho de 2008

"Anos Dourados?"

Risos e lágrimas marcam a noite do 1º dia da semana de 1968 na FESH

A década de 60 foi marcada como os “Anos Dourados” para os amantes de musica, pois foi a época dos festivais no Brasil que surgiram os grandes nomes da MPB, os baianos da Tropicália, a Bossa Nova de João Gilberto e também a turma da Jovem Guarda, liderada por Roberto e Erasmo Carlos. No mundo, a invasão do Rock and Roll liderada pelos Beatles, Rolling Stones, Bob Dylan e outros.
Mas nem tudo eram flores. Até que os primeiros 5 anos da década de 60 foram marcados por um sabor de inocência e lirismo nas manifestações sócio-culturais. No âmbito da política, o idealismo e o entusiasmo no espírito de luta do povo. Já o restante dos anos teve um tom mais ácido. As experiências com drogas, a perda da inocência, a revolução sexual e os movimentos hippies e estudantis contra a ameaça de endurecimento dos governos marcaram o período de 1966 a 68. A Faculdade Estácio de Sá comemorou nos dias 28,29 e 30 de maio os 40 anos desta “Década de Ouro”.
E nem o mais otimista dos realizadores poderia imaginar uma estréia com tamanho sucesso e aceitação do público, como foi na abertura oficial da semana de 1968 com o tema “O sonho acabou?”. No 1º dia do evento, em sua abertura oficial, os buchichos que se ouvia entre alguns alunos é que seria um saco ter que ouvir um monte de velhos falando sobre ditadura militar. Mas quando a assistente social Dona Gilse Consenza começou sua palestra, o que se via no auditório do campus Prado eram olhares atentos para não perder nenhum detalhe do seu testemunho de vida.
Transmitindo uma simpatia sem igual e um otimismo invejável, após ser presa e torturada durante a ditadura, Dona Gilse arrancou muitos risos da platéia com sua maneira bem humorada de encarar todo sofrimento que passou para manter vivo o ideal de liberdade que os movimentos nos quais ela participava pregavam entre eles o feminista. Mas, também arrancou lágrimas de muitos presentes, quando deu detalhes sobre as torturas que sofreu quando foi presa pelos militares. “Os jovens de hoje tem um pensamento ilusório do que foi de verdade a época da ditadura”, disse. O professor Marcelo Freitas, um dos organizadores do evento e que compunha a bancada junto à palestrante não conteve as lágrimas a cada depoimento de Gilse. O mesmo aconteceu com outros professores, alunos e convidados espalhados pelo auditório. Ao final todos aplaudiram de pé a palestra da assistente social que encerrou respondendo “O sonho acabou? Não, o sonho não acabou. As utopias continuam vivas, a luta pelo socialismo continua...”.

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