sexta-feira, 2 de maio de 2008

O caso Isabella 2





Se você fosse o editor de um jornal, qual critério usaria para definir o que o público deve ou não saber sobre o caso Isabela? Algumas considerações para ajudar:

1)Uma menina ser jogada pela janela de um prédio é um fato de interesse público e precisa, infelizmente, ser noticiado. A sociedade só evolui ao se confrontar, sem filtros, com seu lado negro. Isso gera debates, novas idéias, soluções e é assim que o mundo evolui...

2) Publicar que a Justiça decretou a prisão preventiva do pai e da madrasta também é fato de interesse público que precisa ser divulgado.

3) Noticiar de forma correta e jornalística tal fato, ouvindo todos os lados, não é “condenar” ambos, mas divulgar um fato de interesse público: foi a Justiça que condenou e não a mídia.

4) Se o povo não entende o que é prisão preventiva, já acusando os dois pela morte da menina, cabe ao jornalismo explicar de forma clara. Mas cabe à sociedade educar os cidadãos para que entendam que prisão preventiva não significa culpa.

5) O jornalista também têm a obrigação de “colocar a Justiça contra a parede”: com que base tal prisão preventiva foi decretada? Não estaria acontecendo aí uma injustiça? E mostrar no jornal essa incerteza de forma tão forte e clara quanto mostra o fato da prisão.

Mas nada justifica transformar a história de sofrimento de uma criança em enredo de dramalhão mexicano para ganhar audiência. Isso é sujeira. E jornalista que se presta a isso não é jornalista. E aí sim temos o jornalismo ruim. Temos uma menina que continua sofrendo nas mãos dos roteiristas da tragédia humana. Deixem a Isabela em paz.


Texto do comunicador Luciano Pires apresentado no programa de rádio Transnoticias, da rádio Transamérica FM.

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